10 REFLEXÕES DE FAMÍLIAS NOTÁVEIS VINDAS DE UMA TERAPEUTA FAMILIAR
Toda a minha “carreira”, se é que lhe podemos chamar assim, tem sido centrada no desenvolvimento infantil e no apoio prestado às famílias. Cada vez parece ser mais difícil educar, ser família, numa época em que a informação surge de todo o lado, em que todos sabem a fórmula mágica para educar uma criança, é habitual ver os pais cada vez mais confusos.
Nos meus 20 anos de terapeuta familiar e profissional de intervenção precoce, acompanhei muitas famílias bem intencionadas que utilizavam estratégias que não iam de encontro às necessidades das suas crianças e das suas famílias. Também acompanhei muitas famílias que adotavam estratégias inovadoras , encontrando formas saudáveis de educar os seus filhos
Estas reflexões surgiram da minha experiência com as famílias e paralelamente daquilo que atualmente conhecemos do funcionamento cerebral e da investigação do comportamento, sobre quais os estilos parentais que mais contribuem para um melhor desenvolvimento da criança.
1 | Saber que uma criança se comporta como uma criança.
Muitas vezes os pais esquecem-se que as crianças aprendem estragando tudo. Fazendo asneiras. Comportando-se de forma imatura. A magia realmente acontece quando um prestador de cuidados securizante aparece e orienta para o caminho certo. Ficamos impacientes e frustrados, aborrecidos com tanta ingenuidade, mas na verdade é assim que as crianças funcionam
A parte do cérebro responsável pela razão, lógica e controlo de impulsos só estará completa por volta dos 20 e tal anos. O comportamento imaturo é normal num ser humano imaturo com um cérebro imaturo. Esta é uma realidade científica que nos poderá ajudar a sermos pacientes e a dar suporte às nossas crianças quando elas mais precisam.
2 | Estabelecer limites com respeito, sem crítica.
Uma vez que os nossos filhos precisam de aprender literalmente tudo sobre o mundo através de nós, precisarão de muitos limites ao longo do seu dia. Sem os devidos limites no seu ambiente, as crianças irão sentir-se ansiosas e fora de controlo.
Os limites podem ser dados de uma forma crítica e intimidante, ou poderão ser comunicados de uma forma firme mas respeitosa. Pense na forma como gostaria de ser tratado no trabalho e aja a partir daí.
3 | Estar atento às etapas de desenvolvimento.
Será que alguma vez se questionou onde se meteu o seu adorável bebé quando de repente ele desata a chorar como se alguém o quisesse matar quando o deixa na creche? Bem vindo à ansiedade de separação!
Irão ocorrer imensas etapas de transição ao longo do desenvolvimento do deu filho até ele se tornar adulto. Ter conhecimento dessas fases poderá ajudar a construir o puzzle comportamental e aumentar as hipóteses de você poder corresponder de forma adequada e securizante no decorrer do desenvolvimento do seu filho.
4 |Conhecer o temperamento e personalidade do seu filho
Parece relativamente óbvio, mas se nós estivermos em sintonia com as características que tornam a nossa criança única, vamos com certeza ter uma melhor compreensão e conseguiremos dar mais suporte quando ela precisar de mais apoio.
Uma vez que já domina o básico que motiva a sua criança, será bem mais fácil encontrar o melhor ambiente para que realize os trabalhos de casa ou permitir – lhe compreender porque é que a sua filha pede para regressar a casa depois de uma noite no campo de férias.,
5) Proporcionar à sua criança bastante tempo de brincadeira não estruturada
A não ser que tenha aprendido na escola ou faculdade o poder do jogo e da brincadeira, a maioria dos adultos não compreende o verdadeiro poder do jogo e brincadeira.
É a brincar que as crianças aprendem tudo e desenvolvem tudo o que há para desenvolver. Isto significa que é muito importante reservar um tempo diariamente para que brinquem, sem controlo exterior, explorando o mundo que os rodeia.
6 |Aprender quando falar e quando ouvir
As crianças aprendem a ser uns bons solucionadores de problemas, se os deixarmos, claro. Como sentimos por eles um amor incondicional e queremos muito que sejam bem sucedidos é muito difícil resistirmos a resolver os seus problemas e ao mesmo tempo ensinar-lhes exatamente como deveriam ter feito.
Se os pais conseguissem conter a sua impulsividade de prontamente ajudar, dando-lhes mais tempo para que resolvessem os seus problemas, ficariam espantados com as inúmeras vezes que as suas crianças conseguem chegar ás suas próprias conclusões com sucesso. Ser ouvido é terapeuticamente poderoso, e permite-nos pensar sobre as coisas e encontrar soluções.
As crianças precisam de ser ouvidas e sentirem-se compreendidas. Tal como todos nós.
7 | Arranjar uma identidade fora da sua criança.
Muitos de nós apregoamos que a nossa criança é o nosso mundo, e é certamente verdade no nosso coração. No entanto no decorrer da nossa vida, os pais precisam de mais. Precisamos de alimentar as nossas amizades, paixões, hobbies e tudo aquilo que faz de nós seres únicos.
Fazer isto pode quase parecer uma batalha, enquanto que a nossa ansiedade protetora tenta convencer-nos que a nossa criança está bem sem nós e que nós próprios também estamos bem sem ela. Mas nós temos e precisamos, de algo mais, de forma a manter a nossa sanidade mental e evitar dar à nossa criança a difícil tarefa de preencher todas as nossas necessidades emocionais.
8 | Perceber que as ações valem mais do que mil palavras.
A forma como interage com o seu filho e vive a sua vida serão os maiores professores da sua criança. As crianças são muito observadoras e muito mais intuitivas do que pensamos. Elas estão sempre a observar.
Isto poderá parecer um pouco incoveniente para os pais, mas se conseguirmos manter na nossa cabeça que os nossos filhos estão a observar todas as nossas ações, não só os ensinará como se devem comportar , mas também nos tornará, de certeza, pessoas melhores.
9 | Reconheça que as relações, a alegria e a criatividade são a melhor forma de promover os comportamentos positivos e uma atitude colaborativa.
Medo e controlo não são bons professores para os seus filhos a longo prazo. Embora estas estratégias tenham um efeito efetivo a curto prazo, não irá dotar os seus filhos de estratégias de resolução de problemas ou de uma forte conduta moral..
Se o seu filho se sente valorizado como pessoa baseado nas interações que desenvolve com ele, ele naturalmente irá aprender a valorizar os outros e terá confiança e segurança para fazer boas opções.
10 | Coloque o objetivo global de “moldar” o coração da criança e não só, o seu comportamento.
Ficamos muitas vezes com a ideia que o objetivo principal da parentalidade é criar crianças muito bem comportadas. Claro que essa é uma qualidade desejável, no entanto não será a principal qualidade que contribui para um ser humano feliz e saudável.
Quando ajudamos a nossa criança a compreender a importância dos seus pensamentos e emoções isto vai dar-lhes competências relacionais e de adaptação. Competências essas que os irão proteger e orientar ao longo da sua vida.
Alterar os nossos hábitos de parentalidade nem sempre é fácil, no entanto será sempre no supremo interesse da criança. E isso vai valer sempre a pena!
Helena Gonçalves Rocha
Nós aqui educamos para isto.
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