A SUL DA MARGEM SUL. Por Catarina Laborinho
É verdade, este ano, mais uma vez viemos até sul, mas quando digo sul, é sul mesmo, viemos até MOZ, MOZambique
Viemos num mix de emoções, viemos em trabalho e lazer, que não deixa de ser um dois em um que no fim acaba por saber tudo ao mesmo. FÉRIAS. Por aqui o dia começa MUITO cedo, o dia nasce antes do cantar do galo e às 8 da manhã já estão 30 graus. As crianças e alguns pais entram às 7 e a hora de ir para a cama é às 21h. Em Portugal seria algo impensável visto que o Sol começa a dar o ar da sua graça tarde. Eu pelo menos, nunca consigo sentar-me para jantar antes das 20.30 e ficam a faltar banhos e afins. Por aqui é tudo bem diferente e quem por aqui vive ou já viveu, sabe bem o que estou a dizer.
Maputo é uma cidade de emoções, de constante crescimento. Desde a última vez que estive aqui, há sensivelmente um ano e pouco, a cidade cresceu de uma forma galopante com o nascer de um shopping, às novas lojas e cafés, esta cidade está a crescer de dia para dia, mas para melhor. Os acessos à tão emblemática Ponta do Ouro já se fazem praticamente em auto-estrada (confesso que não sei se é bom) pois antes só se aventuravam os que tinham jipe e costas para isso, eram 4 horas de picada em TT. Picada PURA, aquilo era dose. O que safava a viagem era que lá se apanhavam umas girafas, uns macacos e uns elefantes a meio caminho… mas doía.. e muito.
Já para Norte a estrada é sempre a mesma, façamos 1 hora de viagem ou 12, só há uma estrada, a única que dá acesso a toda a costa. Costa = Praia Paradisíaca. Claro que fomos à Praia. Por cá demoramos no mínimo 1 hora a chegar, mas vale cada minuto de viagem!
Por aqui tudo é diferente, a cor da terra, o pôr-do-sol, a fruta, o acesso às coisas giras e diferentes… É uma cidade culturalmente forte, onde existem bastantes “marcas” nossas espalhadas por toda a cidade e onde, os portugueses que por aqui vivem, ajudam a alimentar esta cultura TUGA.
E foi exatamente uma TUGA, amiga do amigo da amiga que vim encontrar, mas não é uma TUGA qualquer, é uma Tuga da Margem Sul, a Catarina Arnaud. A Catarina veio para MOZ há 5 anos quando o marido (também nascido e criado na margem sul) foi destacado para cá, desde então a vida dela deu uma valente reviravolta. No início não adorou isto, mas acabou por se render às maravilhas do que é viver aqui neste sul. Tal como a Catarina, por aqui há imensa malta da Margem Sul. Não é por acaso que quando a Diana Piedade esteve aqui em Maputo a dar um concerto, no fim quase foi “obrigada” a cantar a tão nossa “Margem Sul State of Mind”.
Sem nenhum projeto na algibeira a Catarina virou-se para os tecidos. Por aqui, a panóplia de tecidos é de deixar qualquer um de queixo caído. As tão famosas capulanas de todas as cores e feitios levam à loucura qualquer mulher… há para todos os gostos o que permite dar largas à imaginação.
A Catarina optou pelas malas, sacos, mochilas, pochetes, clutch, carteiras, etc, etc. Quando cheguei tinha um presente muito especial da minha Amiga Leila, era uma mala com o padrão de ZEBRA (adoro Zebras), e claro foi a Catarina que a desenhou, no mesmo dia disse-lhe, “quero ir ver mais!!!“ e lá fomos. O showroom é na sua casa, onde fiquei maravilhada quer com a vista desafogada para o Índico, bem como com a oferta, cores e texturas com que a Catarina encheu os meus olhos. Os sacos são feitos de tecidos/capulanas mas o resto é de pele, os formatos variam entre tamanho e funcionalidade. A vantagem daqui é que tudo é possível, basta para isso imaginar e a Catarina faz, e foi isso que aconteceu com a minha mala. A Leila queria um modelo que utilizo com regularidade e a Catarina fez. Quick and simple.
O difícil é sair de lá com poucas malas, porque é obvio que nos apetece trazer TUDO, mas para deixar a porta sempre aberta, a Catarina remata: “antes de ires embora passa cá, porque vou receber outra encomenda!” Oh Catarina, achas que podes não me enterrar mais?!?! porque nós aqui queríamos trazer TUDO, TUDO.
Para quem gosta da simplicidade esta cidade é mágica, tem recantos com o seu glamour, como tem a simplicidade do caju vendido no meio da rua. É o típico 8 e 80, onde tudo faz parte de um “processo” e onde o nosso “stress” não lhes faz confusão, porque eles não são definitivamente como nós, por isso resta-nos baixar as rotações e entrar no ritmo.
Mas têm sem sombra de dúvida uma coisa bem melhor que a nossa, seja a que horas for, entremos onde quer que seja, temos um sorriso na cara. Seja o segurança que nos pergunta se descansámos bem, seja a Srª da bomba de gasolina que nos diz “Bom dia” com um sorriso de orelha a orelha pelas 5 da manha, seja o funcionário do supermercado que fica pasmado quando lhe perguntamos o que fazer com aquele fruto, mas que em menos de nada aparecem mais 3… se há coisas que temos que aprender, é sem dúvida, olhar em redor e levar daqui estes pequenos e maravilhoso momentos.
Nós aqui estamos em MOZambique
Nós aqui adoramos isto
Textos e Fotos: Catarina Laborinho
Malas e afins: Catarina Arnaud
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