EU E AS CRIANÇAS. Por Helena Gonçalves Rocha
Ontem celebrou-se mais um Dia da Criança e era ver as redes sociais cheias de crianças, as nossas, as dos outros, crianças a brincar, notícias sobre a importância do Brincar. E levada por esta imensa onda eu própria pus-me a pensar sobre a importância das crianças na minha vida.
Pois é, tenho a imensa sorte de trabalhar naquilo que adoro, o que facilita muito quando temos de enfrentar aqueles dias que daríamos tudo para não ter de sair de casa. Pois é nesses dias, em que me arrasto até ao meu local de trabalho e tomo o meu frasco de vitaminas e rapidamente me transformo novamente em alguém animada e bem disposta.
As minhas vitaminas mágicas são as crianças que habitam o meu dia. Tenho a imensa sorte de conviver com uma grande diversidade de crianças, desde os meses de idade até aos 12 anos. Cada idade tem a sua magia, cada etapa de desenvolvimento traz novas pérolas para serem exploradas e não há dia nenhum que eu não me espante com os seus feitos.
Os miúdos têm algo muito especial, são genuínos e espontâneos como só eles sabem ser. Nos primeiros anos de vida estão em permanente descoberta, primeiro enamorados pela mãe e pelo pai, depois descobrem as maravilhas do seu próprio corpo. Umas mãos para brincar, uns pés que conseguem chegar à boca, depois vão descobrindo as potencialidades do movimento e da relação. Olha, acham graça ao que eu faço, vou fazer outra vez! A repetição é algo tão securizante, mas que é tão difícil de tolerar pelos adultos, os miúdos precisam de fazer o mesmo vezes sem conta, por vezes o adulto não consegue aguentar e muda-lhes a atividade, mas acreditem, a repetição securiza e favorece a aprendizagem nos primeiros anos de vida. Quando estou com eles volto a ser criança, e embora não perca os meus objetivos terapêuticos, divirto-me imenso a brincar com eles. Mesmo quando ouço da boca de um amigo de 6 anos “ Afinal que idade é que tu tens?”.
Sinto cada vez mais que os miúdos procuram muito a disponibilidade do adulto para brincar, para descer ao seu nível, para aceitarem ver o mundo pelos seus olhos, para aprenderem o que eles têm para ensinar. Por vezes coisas tão simples e que facilitam tanto a relação, como baixarmo-nos ao seu nível, indagarmos com genuinidade pelos seus interesses. Temos tanto a aprender com eles…
Sei que todos os dias aprendo, todos os dias me ensinam novas coisas. Mesmo quando eu os levo ao limite para depois fazer com eles a viagem da auto-regulação, orientando-os na forma como lidam com as suas emoções e os seus impulsos.
Já alguns anos quando visitava um jardim de infância um menino me perguntava: “A tua profissão é brincadora não é?”. Gosto de pensar que sim, que ensinar a brincar é sem dúvida uma grande sorte.
Gosto mesmo de explorar o mundo através dos seus olhos, descobrir outra vez, rir até não mais poder.
As minhas crianças lá de casa, que assustadoramente estão a deixar de ser crianças, por vezes chamam-me a atenção “Ó mãe, que disparate, comporta-te!…” Só me inibo, porque sei que estão naquela idade em que ficam muito embaraçados com tudo o que possa ser um pouco diferente, mas ao mesmo tempo sei que tenho de continuar a chamar a criança que ainda habita lá dentro, para que nunca se esqueçam como é bom Brincar!
Brincar é coisa de criança, mas também deveria ser coisa de Adulto! Um adulto que brinca é alguém que não esqueceu a genuinidade da infância, alguém que acredita que há sempre algo novo para descobrir!
Eu Brinco e vou continuar a Brincar, e você já brincou hoje?
Helena Gonçalves Rocha
Nós aqui educamos para isto.
Nós aqui temos isto!
Contactos
helenagoncalvesrocha@gmail.com
Miúdos e Graúdos, Clínica Médica
Av. Pinhal da Aroeira, Lt 562
Aroeira Shopping area Lj 18
Herdade da Aroeira
2820-566 Charneca da Caparica
TEL.: 212 977 481
Fotografias: D.R.
Leave a Reply
Want to join the discussion?Feel free to contribute!