RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO TEM MARGEM SUL COMO PANO DE FUNDO?
Este fim de semana fomos para fora cá dentro, mas neste caso não foi dentro das fronteiras da margem sul, mas ali mais para o centro. O centro do país. Fomos a Tomar. Já sabem que a margem sul está cá dentro, mas este “fundamentalismo” permite-nos desbundar outras paragens.
Foi um (re)encontro de amigos. Alguns que se conheceram no casamento que vos contei aqui e a grupeta que ficou na mesa 9 tem mantido contacto desde então. Até porque os culpados disto tudo, os noivos, deram-nos corda e alinharam connosco. O destino foi escolhido por ser central para quem vem de diferentes zonas do país e para conseguirmos juntar cultura, lazer e bem comer (oh senhores, este último foi levado tão a sério que vamos passar o próximo mês a pão e água!) Uma desgraça. Cheios, mas felizes. Como levámos a “filharada”, quisemos juntar o útil ao agradável e incutir história para além das histórias que temos para contar.
A cidade histórica de Tomar tem muito para ver. E tem como ex-libris o Convento de Cristo, que numa feliz coincidência, tem entrada gratuita no primeiro domingo de cada mês para promover a cultura e o hábito da visita. Enaltecemos a dica porque isto é válido para todos os museus! A visita foi marcada e o convento foi-nos apresentado pela simpática Maria Luz Lopes, a guia que nos acompanhou e contou a história de cada canto e recanto. O monumento é imponente e lindo. Entrámos e dissemos às pequenas que elas eram as princesas a entrar no castelo e, não sei se elas se sentiram como tal, mas acredito, porque um resumo da visita foi contado assim…
Senti-me agradecida por poder passear-me e conhecer aquele cenário. Inspira-se e respira-se história. E daí? O que é que isso tem a ver com a margem sul? Até agora nada.
Eis que entramos na Charola que nos deixa boquiaberta com as obras de arte que não foram transferidas para o Museu de Arte Antiga (como a melhor parte!) e que conseguiram ser recuperadas e mantidas. A Maria da Luz provoca-nos com uma história que nos vai fazer ficar boquiabertos: Estão a ver esta obra?
É uma pintura da Escola Portuguesa de Pintura de Quinhentos (remete-nos por volta do ano 1518) mandada pintar por D. Manuel, aos pintores-mor Jorge Afonso e Francisco Henriques para representarem a ressurreição de Jesus Cristo e escolhem a Cidade de Lisboa (antes do terramoto) como pano de fundo. Ou seja, vista como se estivessem no Barreiro! – Barreiro Terra Santa! Ah, pois! Por esta é que não estavam à espera, certo?
Se é verdade ou lenda, não sei, mas curioso é. E isto, tinha mesmo de contar. Se não se puderem deslocar a Tomar para ver a imagem, a Maria da Luz contou que a mesma imagem está na Torre do Tombo, que assim como assim, é mais perto para quem está na margem sul.
Nota: este relato foi uma interpretação livre da história que ouvi. Não é um fato histórico comprovado e deve ser lido como tal.
Nós aqui temos o Barreiro visto como “Terra Santa”.
Nós aqui temos isto.
Texto: Marlene Gaspar
Fotos: Mesa 9
Leave a Reply
Want to join the discussion?Feel free to contribute!